Após quatro meses de greve, a maioria dos estudantes voltaram à Rural. O ICHS em Foco procurou ouvir alguns deles sobre suas preocupações e expectativas durante o período em que estiveram afastados da Universidade. Nas conversas, percebemos, em síntese, duas situações: os que permaneceram na Rural por alguma razão particular e os que se desligaram e aproveitaram o período considerado como “férias”.
Arquivo pessoal |
O estudante Hugo Henrique, do segundo período de História, demonstrou-se preocupado com o atraso na sua formação acadêmica, com a maneira como o período será retomado e, ainda, com a possibilidade de alteração nos seus projetos de vida.
– O retorno se deu com trabalhos, apresentações de seminários valendo nota e com uma carga de leitura pesando um pouco. Toquei minha vida pessoal com cursos, atividades na igreja e com trabalhos, mas admito ter me desligado da Rural”.
Para os que moram longe, os alojamentos tornam-se suas casas, como relata a estudante Pollyana Faria Lopes, do quinto período de Jornalismo. A jovem, que permaneceu na Rural durante a greve, explica que sua opção foi devido às suas atividades:
– Tenho compromissos na Rural. Sou do Centro Acadêmico, do DCE e da Comissão Organizadora da Semana Acadêmica do Curso [Jornalismo]. Essas atividades exigem tempo e presença permanente. E a greve foi uma boa oportunidade para aprender uma série de coisas que não estão disponíveis em livros ou aulas.
A estudante Naiara Carvalho, do terceiro período de Ciências Econômicas e Gerente de Projetos na Multiconsultoria, também permaneceu na Rural por necessidades acadêmicas:
– Geralmente, não volto para casa nas férias, costumo ficar devido ao estágio. Apesar de ser um cargo de horários flexíveis, necessito de tempo para desenvolver metas e a greve me garantiu a oportunidade de avançar nessas atividades.
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Nos relatos com as jovens, foi perceptível a insegurança que existiu durante o período de greve. Como relatou Pollyana Faria:
– Ficar na Universidade não foi fácil. Ficamos mais inseguros. A quantidade de assaltos aumentou e a de boatos a respeito multiplicou. Além da enorme falta que faz o bandejão, o que foi mais ou menos superado pela cozinha comunitária da qual fiz parte.
Os mesmo argumentos são repetidos pela estudante Naiara Carvalho, que relatou boatos de assalto e sentiu a falta de segurança no seu dia-a-dia. Sua crítica também se referiu à questão do bandejão:
– A UFRRJ deveria fazer um levantamento dos que ficam em decorrência de estágio ou por outras atividades para poder garantir bolsas alimentações em períodos de greve para além dos que já recebem esse auxílio.
No retorno, podemos perceber que a vida dos estudantes não parou durante a greve. Uns adiantaram suas férias e outros continuaram exercendo suas funções junto à comunidade acadêmica. Entretanto, não resta a menor dúvida: o período é de readaptação – tanto às “maravilhas ruralinas” quanto aos problemas existentes na Universidade.